Desde adolescente amava escrever e enviava e recebia cartas. Sensação de surpresa e alegria ao abrir cada envelope. Talvez você não tenha tido essa experiência, talvez nem imagina como era um mundo sem sms, sem internet e sem redes sociais como WhatsApp, mas esse mundo existia. Mesmo com todo esse avanço na tecnologia e com o acesso às ferramentas de comunicação novas, os carteiros continuam exercendo o seu brilhante papel e levam a mensagem da entrega e do serviço.
Quando comecei a escrever e fiz o meu primeiro registro no setor de direitos autorais na BN (Biblioteca Nacional) foi o carteiro quem trouxe o meu certificado do primeiro registro autoral e que felicidade foi quando recebi um livro que escrevi e os que participei como coautor vindo diretamente dos correios, é como se eu reencontrasse o primeiro carteiro que descobriu que eu era escritor.
Era uma quarta-feira, o carteiro, um senhor de bigodes e cabelos grisalhos, olhos cansados, corpo bem magrinho trazia um envelope do então antigo escritório de direitos autorais, da Biblioteca Nacional. Ele, o carteiro, olhou-me com um ar curioso ao me entregar o envelope e disse “Aqui mora algum escritor?” Eu disse “Sim, sou eu.”, respondi meio envergonhado. Ele me sorriu com um ar de esperança e alegria e pediu para que eu assinasse o documento comprovando o recebimento do envelope.
Como esquecer daquele rosto cansado, daquele olhar esperançoso e do sorriso gentil ao me entregar o documento? Com certeza foi um dos dias que guardarei para sempre na minha memória.
@emsete7