terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Os dias que trago na memória - Emílio Mascarenhas

Hoje no Brasil é o Dia Nacional do Carteiro, esses mensageiros que seriam fundamentais na história do Brasil. A data é da criação do cargo de Correio-mor da Monarquia Portuguesa no Brasil. Você sabia que foi o carteiro Paulo Bregaro, quem entregou a D. Pedro I a carta que decidiu a proclamação da nossa independência? Por isso Paulo Bregaro tornou-se o “Patrono dos Carteiros”.

Desde adolescente amava escrever e enviava e recebia cartas. Sensação de surpresa e alegria ao abrir cada envelope. Talvez você não tenha tido essa experiência, talvez nem imagina como era um mundo sem sms, sem internet e sem redes sociais como WhatsApp, mas esse mundo existia. Mesmo com todo esse avanço na tecnologia e com o acesso às ferramentas de comunicação novas, os carteiros continuam exercendo o seu brilhante papel e levam a mensagem da entrega e do serviço.

Quando comecei a escrever e fiz o meu primeiro registro no setor de direitos autorais na BN (Biblioteca Nacional) foi o carteiro quem trouxe o meu certificado do primeiro registro autoral e que felicidade foi quando recebi um livro que escrevi e os que participei como coautor vindo diretamente dos correios, é como se eu reencontrasse o primeiro carteiro que descobriu que eu era escritor.

Era uma quarta-feira, o carteiro, um senhor de bigodes e cabelos grisalhos, olhos cansados, corpo bem magrinho trazia um envelope do então antigo escritório de direitos autorais, da Biblioteca Nacional. Ele, o carteiro, olhou-me com um ar curioso ao me entregar o envelope e disse “Aqui mora algum escritor?” Eu disse “Sim, sou eu.”, respondi meio envergonhado. Ele me sorriu com um ar de esperança e alegria e pediu para que eu assinasse o documento comprovando o recebimento do envelope. 

Como esquecer daquele rosto cansado, daquele olhar esperançoso e do sorriso gentil ao me entregar o documento? Com certeza foi um dos dias que guardarei para sempre na minha memória. 

@emsete7