terça-feira, 2 de junho de 2015

Cenários e memórias.


O que lhe vem à mente quando você ouve falar em praia? Qual a imagem que lhe aparece quando você se imagina numa praia em pleno dia de Sol? Imaginou? O que você pensa sobre uma noite de luar perfeita? Como seria ideal uma noite de luar? Com nuvens? Fria? Clara e límpida visualizando a lua e as estrelas? O que lhe vem à mente quando você ouve a palavra amor? Quem lhe vem à mente quando você ouve a palavra família? Você gosta de música? Qual o seu estilo? Que som faz você viajar e se embalar e sentir-se longe de onde está agora? Somos feitos de memórias, sensações, sentimentos e emoções. Dizem que a razão existe e deve ser a base de toda atitude e qualquer decisão, alguns afirmam que é a emoção que dá o equilíbrio para que não sejamos racionais demais ou há ainda quem acredite que a emoção não serve para muita coisa. Vamos supor que você ganhou um par de viagens numa promoção qualquer dessas que te leva para um lugar fantástico e com tudo pago. Quem você levaria nessa viagem com você?
Você está na praia, ao contrário do que pensou no início, essa praia está deserta, sim completamente deserta mas não por que é sua praia particular e você comprou por ter ficado milionário, não, não é isso. A praia está deserta porque você não tem alguém do seu lado e porque nela não há mar e o dia está muito quente para poder ficar muito tempo alí. Você decide ir embora. Quem suportaria sozinho uma temperatura altíssima desse jeito? Sem mar? Não. Você busca um abrigo e fica pensando em como sair dali.
As cenas mudam, não, você não vai ficar no deserto para sempre, alguém te salva. Você foi resgatado e passará a noite num lugar seguro, com direito a um bom jantar, roupas limpas e um bom banho, num lugar bonito, mas ao olhar na janela você percebe que há algo estranho...
Ao se aproximar da janela percebe que o céu está limpo, bem visível, resolve sair para olhar as estrelas ou ver como está a lua hoje, mas descobre que a lua está opaca, sem brilho e o céu sem nenhuma estrela, como um manto negro e você se pergunta o que está acontecendo...
A praia poderia não ter água, a noite poderia ter um céu sem estrelas, até sem luar, mas se você tivesse alguém poderia ter com quem conversar ao menos ou lhe perguntar "o que está havendo, aqui?". Ninguém vive sem ter com quem contar na vida e é isso que marca os dias de praia ou as noites de luar ou as viagens que fazemos, até as músicas que escutamos, ou os dias nos "desertos". Quem você levou para a viagem? Não, não me responda, agora pense comigo, quem estaria te esperando no seu regresso?
Valorize quem está do seu lado, quem te ajuda nos momentos difíceis, quem apesar de saber de todos os seus defeitos ainda estende a mão e te ajuda, quem briga com você, mas também te aconselha, quem diz o que precisa mesmo sem você querer ouvir, ou simplesmente quem te acolheu quando você mais precisou. A vida só tem sentido quando valorizamos as pessoas, pois as coisas só farão parte do cenário aonde as personagens estiveram e fizeram histórias. Um dia serão as pessoas que deixarão de existir e só existirá algum cenário ainda que momentâneo e as memórias que poderão ser positivas ou negativas.
As notas existem para compor canções. Que som você está compondo com as notas que você tem? Que lembrança você deixará quando a vida se findar? Como você quer ser lembrado(a) quando tudo chegar ao fim? Ou quando você irá valorizar todos aqueles que compõe o cenário da sua vida? Te deixo com tudo o que você tem, mas tiro as pessoas que fazem parte da sua vida, o que lhe resta? Cenários e memórias, apenas isso.

domingo, 24 de maio de 2015

Você alternativa














Você imita o som,
você imita o tom,
você imita a tez,
você imita a imagem desta vez,
Você rouba a cena,
Você apaixona e envenena,
Você se conecta pela antena,
Ciberneticamente vive às veias plenas,
Psicodelicamente não entende o que te engrena,
"Eu"-liricamente perdida entre as hienas,
Finge e esboça um sorriso...
Um sorriso salutar, mas que é só seu.
- Aternativa? Eu?

(Emílio Mascarenhas)

domingo, 12 de abril de 2015

Escolhas

- E se tudo for ilusão da sua, da minha cabeça? E se seu amor não for suficiente? E se eu não corresponder às suas expectativas? Quero ver você feliz, não despedaçada.
[...]
- Eu não sou a melhor das suas escolhas.


Felicidade? O que é isso?


Não me queira só porque eu sou a sua única opção "mais correta" no momento,
Não me queira porque você acha que sem mim você nunca será feliz,
Não me queira porque sua família gosta de mim
Ou porque sua mãe gostaria de me ter como genro,
Me queira apenas se você realmente me quiser,
A despeito de quem sou, de quem fui ou de quem eu poderia ser.
Você pode e deve ser feliz e eu torço pela sua felicidade,
Mas a felicidade não sou eu, é um estado de graça.



No meu deserto












Quem eu sou?
mais um rosto tão comum,
sem jeito,
perdido e salvo
num esconderijo.
Segui até aqui com meus pés cansados
                                                            do tempo daquilo que faltou ser.

Em dias iguais vou dedilhando a duras pedras os caminhos por onde passei...

E
aqui
estou.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Pátria amada, Brasil.

Tem dias que me revolta a desconstrução cultural de um país tão rico em diversas áreas, tem dias que a desvalorização de tantos profissionais qualificados me obriga a repensar sobre qual seria a melhor profissão a exercer na minha nação, tem dias que me sinto obrigado a reconhecer que as leis que existem não são cumpridas e que muitas vezes os cidadãos marginalizados(seja por quem for) estão ganhando cada vez mais espaços na sociedade já que a honestidade e o cumprimento do dever vai sendo deixado de lado. Tem dias que me sinto um estrangeiro, pior, um ser impotente diante de tantos fatos que de corriqueiros já não tem mais nada no cotidiano. Em outros dias não me importaria, talvez, mas tem dias em que eu realmente me importo.
Recentemente fiz uma prova cujo tema da redação me fez pensar esse texto...acho que vou ficar jogando a culpa na desonestidade, nos desvios públicos de dinheiro, nos grandes salários pagos a alguns inoperantes, enquanto as coisas vão passando e sendo deixadas debaixo do pano. E incomoda-me. Incomoda-me saber que vagas são vendidas para candidatos em concursos públicos, médicos estão sendo punidos por uma greve manifestando sua revolta por meses de atraso salarial, professores estão pagando as aulas das greves pacíficas por uma reivindicação mais do que justa. Paro e penso: "Estão tirando meus direitos". A verdade é que aos poucos estão interrompendo meus passos, estão me desconstruindo culturalmente e como cidadão vou morrendo e às vezes eu me incomodo, às vezes não.
E você o que espera desse país? E eu o que espero de mim? Depois de tantos séculos de pão e circo, o povo da língua de origem laica não se deixou esquecer que é a base da diversão que se constrói a política desse povo. Abro colchetes e ponho reticências [...]
Abro parênteses, paro e me pergunto: Quem está liderando o que? Aonde vai dar tudo isso?
Não, não somos a América modelo, nação de primeiro mundo com super-heróis fantasiados da bandeira de sua honrosa nação. Meu amado "Chico Bento" continua falando errado, talvez "Blanka" pudesse aparecer e dar alguns golpes na injustiça mas me lembro de que não estou no mundo dos Gibis nem dos jogos de vídeo-game e acho que em terra de Tieta de nada adianta o controle deste jogo onde o boneco vítima é sempre o cidadão no deserto.
Deem-me mais opções afim de que a conclusão da redação seja posta em prática e os desafios deixem de ficar na mão dos heróis falidos e antigamente intitulados com poderes mágicos. Ah, o salário do "Tio Patinhas". E se eu tivesse uma lâmpada com uma loira gostosa chamada Jeannie me chamando de mestre e realizando todos os meus desejos ou me protegendo de todo o mal? Não essa personagem loira não é brasileira, nem é real. Às vezes tenho a impressão de que estamos sós nesta luta diária do "cidadão-quem". Rememoro uma antiga paródia escrita por mim e refaço-me a mesma pergunta: "Ah... e quem há de sanear as nossas palafitas?" E encerro o texto de hoje com a grandiosíssima canção "Brasil, mostra a tua Cara, quero ver quem paga pra gente ficar assim..."

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Espelho, espelho seu...

   A sua aparência nunca dirá quem você é de verdade, mas seus atos revelarão o que você carrega dentro de você. Algumas pessoas pensam ser melhores do que outras, por se acharem mais belas, exuberantes ou por acharem que são merecedoras de admiração profunda ou respeito, pela sua simples "aparência" quanto o que devia ser levado em consideração deveria ser unicamente o seu interior.
   Nunca me vi como uma pessoa bonita, as pessoas até me diziam mas eu não achava isso, coisa que não sei se ainda me dei conta mas há pouco tempo fui ver uma foto de 12 anos atrás e eu disse para mim mesmo: "nossa, como você era bonito", só que eu não enxergava, acho que o meu espelho estava com defeitos e eu devo agradecer por nunca ter me achado o cara, o perfeito, o melhor do que...bendito espelho que fazia com que eu não me vangloriasse da beleza que possuía...(ainda dizem que sou bonito, às vezes até acredito...outras não, depende do espelho...(risos). Mas o mundo moderno entrou num conceito de beleza externa e extrema que não só apenas acreditam naquilo que veem mas também naquilo que seus olhos querem enxergar o resultado? Pessoas fúteis, vazias que fazem do corpo a única forma de mostrar algo "belo"ou perfeito ao mundo. Não, beleza não é pecado, o belo agrada mas é o que sai da boca que se eterniza.
   A beleza é tão contraditória...diz-se que a beleza está no olhar de quem vê, eu complementaria dizendo que a ausência de beleza está no olhar de quem não se vê realmente como é, no sentido de não enxergar os seus próprios defeitos. Não, não, não estou aqui para julgá-los, tenho espelhos, sim no plural. Eu diria que todos temos espelhos, belezas e defeitos contudo há algo que me incomoda de verdade: é a falta de educação, é o egocentrismo, é a pseudo autossuficiência que se perde num gesto até impensado mas que se revela pelas palavras vazias de compreenssão de quem não se vê.
   As pessoas usam óculos e não enxergam,  conversam mas não se entendem, utilizam os meios de comunicação mas não sabem se comunicar, se dizem éticos, criam perfis, vivem estilos de vida pré-definidos como os melhores ou mais felizes, porém não são aquilo que demonstram nas fotos sempre amistosas e sorridentes, há dentro do espelho uma escuridão que não percebemos e é aí que paro e lembro da feiura, sim, a feiura deveria agradar mais do que a beleza, eu diria que uma pessoa deveria gostar de mim não pela beleza que ela vê na minha aparência física, devo ter alguns atributos, até admito, mas ninguém mostra como é feio por dentro ou se mostra não consegue se ver assim. Parece que é mais interessante camuflar, disfarçar, será que estou errado em não gostar de espelhos? Talvez eu não goste tanto de espelhos por que eles só dizem o que eu sou, ou, como eu estou por fora. E por dentro? Como me avalio? Como será que me vejo? Será que tenho características e qualidades que mereçam a admiração de alguém? Será que respeito o outro mesmo sendo ele diferente de mim em algum aspecto? Pior e se ele for "igual"em algum momento, será que consigo me ver nele também? Acho que talvez o chamado "espelho-outro" incomode.
   A vida é um processo duro de aprendizagem e de saber lidar com pessoas diferentes e diversas, e, são vários espelhos lustrados ao longo de décadas ou ilustrados ao longo de épocas. A beleza seria mais aceitável de verdade, se "eu" reconhecesse que não sou tão feio por fora, mas que também não sou tão bonito por dentro. Não são as minhas habilidades que me fazem melhor do que alguém, a língua que domino fluentemente ou os talentos que eu possua, mas como eu trato e vejo as pessoas, mesmo acreditando possuir atributos que a sociedade possa se orgulhar aparentemente.
   Não é o outro que vai dizer quem sou, como devo ser ou como deveria agir, espelho não fala, mostra...
... eu mesmo é que deveria refletir sobre minhas imagens construídas, meus espelhos lustrados e ilustrados sobre quem realmente eu sou, antes de sair por aí acreditando que o meu espelho tem a melhor imagem. Há um conto interessante, reescrito por Ricardo Azevedo que se intitula assim: "O caso do espelho". Será que o meu texto poderia se intitular "O caso de quem não se vê"? ou "Como você se vê?" talvez... "Você se vê em mim?"
A verdade é que às vezes temos que ser espelho(referência) noutros momentos espelho aparência(daqueles com efeitos) e talvez não vejamos que somos apenas uma imagem distorcida do que somos de verdade e não são os óculos que farão você se enxergar. O problema está no espelho? O conhecimento vai além do que se vê.