Tem dias que me revolta a desconstrução cultural de um país tão rico em diversas áreas, tem dias que a desvalorização de tantos profissionais qualificados me obriga a repensar sobre qual seria a melhor profissão a exercer na minha nação, tem dias que me sinto obrigado a reconhecer que as leis que existem não são cumpridas e que muitas vezes os cidadãos marginalizados(seja por quem for) estão ganhando cada vez mais espaços na sociedade já que a honestidade e o cumprimento do dever vai sendo deixado de lado. Tem dias que me sinto um estrangeiro, pior, um ser impotente diante de tantos fatos que de corriqueiros já não tem mais nada no cotidiano. Em outros dias não me importaria, talvez, mas tem dias em que eu realmente me importo.
Recentemente fiz uma prova cujo tema da redação me fez pensar esse texto...acho que vou ficar jogando a culpa na desonestidade, nos desvios públicos de dinheiro, nos grandes salários pagos a alguns inoperantes, enquanto as coisas vão passando e sendo deixadas debaixo do pano. E incomoda-me. Incomoda-me saber que vagas são vendidas para candidatos em concursos públicos, médicos estão sendo punidos por uma greve manifestando sua revolta por meses de atraso salarial, professores estão pagando as aulas das greves pacíficas por uma reivindicação mais do que justa. Paro e penso: "Estão tirando meus direitos". A verdade é que aos poucos estão interrompendo meus passos, estão me desconstruindo culturalmente e como cidadão vou morrendo e às vezes eu me incomodo, às vezes não.
E você o que espera desse país? E eu o que espero de mim? Depois de tantos séculos de pão e circo, o povo da língua de origem laica não se deixou esquecer que é a base da diversão que se constrói a política desse povo. Abro colchetes e ponho reticências [...]
Abro parênteses, paro e me pergunto: Quem está liderando o que? Aonde vai dar tudo isso?
Não, não somos a América modelo, nação de primeiro mundo com super-heróis fantasiados da bandeira de sua honrosa nação. Meu amado "Chico Bento" continua falando errado, talvez "Blanka" pudesse aparecer e dar alguns golpes na injustiça mas me lembro de que não estou no mundo dos Gibis nem dos jogos de vídeo-game e acho que em terra de Tieta de nada adianta o controle deste jogo onde o boneco vítima é sempre o cidadão no deserto.
Deem-me mais opções afim de que a conclusão da redação seja posta em prática e os desafios deixem de ficar na mão dos heróis falidos e antigamente intitulados com poderes mágicos. Ah, o salário do "Tio Patinhas". E se eu tivesse uma lâmpada com uma loira gostosa chamada Jeannie me chamando de mestre e realizando todos os meus desejos ou me protegendo de todo o mal? Não essa personagem loira não é brasileira, nem é real. Às vezes tenho a impressão de que estamos sós nesta luta diária do "cidadão-quem". Rememoro uma antiga paródia escrita por mim e refaço-me a mesma pergunta: "Ah... e quem há de sanear as nossas palafitas?" E encerro o texto de hoje com a grandiosíssima canção "Brasil, mostra a tua Cara, quero ver quem paga pra gente ficar assim..."