No fundo, no fundo ninguém sabe
das nossas dores ou alegrias verdadeiras,
algumas pessoas imaginam,
outras nem sentem,
outras acham que só elas as sentem,
mas é só presunção egoísta do ego ferido
Talvez doa "minha vontade não realizada."
Mas e em você, aonde dói?
Não, você não entendeu, aonde dói mais?
É fácil falar de empatia quando não é conosco a questão em si.
E quando não precisamos usá-la para manter as aparências de sermos "bonzinhos",
Fingir amor, demonstrar interesse ou até preocupação
Aceitação talvez, talvez amor, talvez...
Aceitar não quer dizer amar e vice e versa, ou seria?
Que confusão que anda o ágape, o eros, o filéo e até o "psiqué"
Ah, e com acento dúbio para poder na língua,
pelo menos na língua, se entender.
No fundo, no fundo nem sempre nos importamos ou nos colocamos no lugar do outro.
O choro dói mais que o silêncio?
Vítimas? Todos somos em alguns momentos,
mas nem sempre a culpa é da mulher que está voltando atordoada para casa,
mas o louco é louco e à ele não atribuirão a culpa,
o amigo é o amigo, dele também não é a culpa por negar socorro ou oferecer apenas os seus desejos como oferta de refúgio.
E o barqueiro?
O barqueiro? "O que que o barqueiro tem haver com isso?", "pobre coitado, fazer uma travessia gratuita para uma mulher atordoada e perdida na solidão da noite, esquecida talvez justamente por ser quem é?"
E sozinha ela seguiu.
O que vale mais, se é que vale... : uma dor sentida e gritada aos quatro ventos?
Ou uma dor silenciada pelo tempo que insiste em não partir?
Deixar de ser ou existir? Dói mais quando se sente e não se cura, dizem.
Talvez eu sinta mais do que diga, ou é apenas falta de mim mesmo.
E nesse medo de me perder, teria medo de matar, sofrer ou ferir,
preferi calar e sentir, não consentir, sentir.
mas já morri uma vez... morrer de novo talvez não faça a diferença.
E mesmo morto neste corpo inerte, tenho que reconhecer que sorri
E foi mais de uma vez.
Eu Sen-ti.
(Emílio Mascarenhas)