quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Liberte-se para viver

 O que te faz vibrar?

O que faz seu coração tremer?

O que te faz sonhar

E ter vontade de viver?


Com o que é que você sempre sonha

E o que encanta todo o teu ser?

O que te dá um frio na barriga

E sobe até o pescoço te alegrando de prazer?


Se a vida é curta e breve,

Como você acha que deve viver?

Agindo com prudência sempre,

Mas vivendo o melhor que pode ser!


(Homenagem à Gabriela Prioli.)

@emsete7

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Saudade Presente


 

 As sensações que em mim permanecem, 

me fazem aguçar os meus sentidos

Relembro das preces e nessa dimensão,

rememoro o teu sorriso,

Percebo seu abraço, teu cheiro tão vivo...

Como uma rosa que nunca morre, 

Mas exala na quietude do tempo

O perfume da saudade.


Emílio Mascarenhas

(Homenagem para Beth)

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quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Rupturas

 Disponível na Amazon essa antologia da Ao Vento Editorial. Nesse livro estou participando com dois textos poéticos. Quem quiser me seguir no instagram: @emsete7

 


Antologia Rupturas (Poemas e crônicas)

Curadoria:

Natália Luiza da Conceição.

Organização e design: Isadora L. Hermann

A ROSA E O SOL

 

Domingo de tarde, por volta das 15:00 horas passava uma moça bem vestida, com um par de saltos em uma das mãos e na outra segurava uma garrafa de um refrigerante. O Dique do Tororó, em Salvador, aos domingos ficava sem acesso para carros e ônibus, o que me obrigou a passar por ali andando, até o estacionamento. Eu estava vindo de uma comemoração entre amigos, na pizzaria ali, próximo ao local em que aquela mulher incrível caminhava. Ela caminhava lentamente sobre a grama e ao achar uma árvore com uma bela sombra sentou-se e eu fiquei apenas observando.

De repente a bela dama estica o vestido exibindo o par de batatas bem torneadas, dobra as pernas, abre o refrigerante e começa a beber, um espetáculo em cena, ela merecia ser fotografada, mas o susto que tomei é que ela não tinha copo. Aquela moça fina, requintada pelo modo de andar e se portar bebia o refrigerante com a tampinha da garrafa.

Fiquei me perguntando qual o motivo que levaria tão bela criatura a sentar-se sozinha com um refrigerante de dois litros que pela cor deveria ser de uva tomar doses seguidas do refrigerante numa tampa de garrafa. Deveria estar esperando o namorado  e deu sede, talvez, fossem comemorar o aniversário, não sei, quem sabe ele estaria levando os copos ou então havia marcado um piquenique com os amigos, eu pensei também que os amigos poderiam ter se atrasado, mas de repente percebo um leve movimento e então ela abre o refrigerante novamente e começa a tomar repetidamente.

Resolvi esperar um pouco e ninguém aparecia, comecei a ficar preocupado, pois o refrigerante já estava quase no meio e ela bebia e ficava paralisada olhando para o nada. Foi então que tive uma ideia, passei na pizzaria, comprei duas taças, pedi uma pizza pequena e fui ao seu encontro.

- Posso?

- Posso o quê?

- Sentar-me ao seu lado?

- Hoje não sou boa companhia pra ninguém. E meu namorado pode estar chegando a qualquer momento, ele é forte, malhado e muito, muito invocado. – Ela sorriu.

- Tudo bem, não vou demorar. Gostaria de um pouco do seu refrigerante, você me dá, tome um copo pra você, tome, um é seu e me dê um pouco para beber, estou com uma sede terrível.

Ela me olhou atravessado e achando meio estranho, seus olhos cheios de lagrimas presas como quem quisesse chorar e não se permitia, quando o choro está preso. Foi quando entendi que ela não estava esperando ninguém, afinal de contas, já tinham se passado quarenta minutos desde a sua chegada e ela não olhava para o relógio nem para os lados para ver se vinha alguém. Ela olhava firmemente apenas em direção ao horizonte.

Abri a caixa da pizza comecei a comer uma fatia como forma de provocar e falei:

- Quer um pedaço? Me ajude a comer, não aguento comer tudo sozinho.

- O que? Oi? – Por segundos achei que ela tivesse orbitado na Terra novamente.

- Vamos, coma! Você não quer me ver explodir comendo tudo isso sozinho já estou meio gordinho, não acha? - consegui extrair dela um leve sorriso. - Você reparou que a tarde hoje está mais bonita? – insisti.

- Não, não, reparei, por quê?

- Por que uma flor está nascendo aqui no jardim do Dique hoje.

- Flor? Nascendo? Onde? – a essa altura ela procurava a flor.

- É uma rosa, bem ali. Ela está desabrochando para a vida, descobrindo que na vida há momento para tudo. Há momento para cair no solo, ser germinada, crescer, ser regada e então florescer. Essa rosa é como você. Não fique triste, aproveite os momentos felizes e curta todos eles, mesmo que não durem para sempre. O tempo passa e a vida continua seja lá o que aconteceu, pense no que você pôde aprender e – brinquei - não seja egoísta bebendo refrigerante sozinha por aí, chame alguém com quem possa dividir. Bom, preciso ir, mas antes deixa eu pedir um taxi pra você e não aceito um não como resposta. Peguei ela pela mão...

- Mas…

- Pense no que lhe falei! Seu táxi chegou. Já acertei a corrida, é por minha conta.

- Mas, eu não...

- Foi um prazer lhe conhecer e até qualquer dia.

Anos se passaram quando vi uma mulher vindo ao meu encontro, claro que eu não reconheci de imediato, lembrava muito bem do seu rosto e do seu par de pernas que caminhava em minha direção, talvez eu não a estivesse reconhecendo por causa da energia e alegria com que ela caminhava, ao contrário do dia em que a vi pela primeira vez. Sim aquele andar era inconfundível, era ela. Ninguém atravessaria aquele salão de festas como ela com tanta classe.

- Você é responsável pela minha vitória sabia? Resolvi começar do zero.

- Eu? Mas...

- Sim, graças a você esqueci o passado, planejei meu futuro e hoje sou dona de uma fabrica de refrigerantes, hoje não bebo mais, vendo e distribuo em toda a região aqui da Bahia. É verdade que estou só, mas muito mais feliz, resolvi investir na minha carreira e deixar de sofrer por amor. Fui trabalhar com algo que eu gostava muito e deu certo.

- Mas e o seu namorado, ele apareceu naquele dia? – perguntei sondando para ver se ela me dizia o motivo do ocorrido naquele domingo.

- Eu já estava só. Tudo estava tão escuro, sem rumo, sabe.. e quando você me abordou eu pensei “Ah, não, um babaca justo hoje?” e falei aquilo só para despistar você, eu não estava feliz. Mas isso é passado, sua atitude, empatia e proatividade me fizeram refletir. Agora é minha vez de agradecer – disse ela mandando servir refrigerante para todos na festa e me disse logo em seguida:

- Sol renasceu, renovou a sua luz. – e beijou-me vagarosamente no rosto, num gesto de gratidão.

Seu nome era Solange, mas todos a chamavam de Sol porque aonde ela entrava uma luz de alegria e beleza irradiavam o ambiente. Nos casamos seis meses depois.